12.5.07

a propóstito de quilts

aqui aqui e em muitos outros lados

"Soube o que era um quilt antes de saber o que significava a palavra quilt. O meu avô aproveitava tudo e mais alguma coisa, da minha (não muito longínqua) infância lembro caixas, caixotes e caixinhas de tampas de detergentes, botões velhos, embalagens de tudo e mais alguma coisa que não se podiam deitar fora, porque tinham que se aproveitar. De ir buscar fruta podre ao mercado, de não acender a luz da casa de banho. De não cumprimentar os netos com um beijo porque era a melhor forma de transmitir micróbios e depois tinha que se gastar dinheiro em medicamentos. Ainda hoje encontro meias dos Ecuteiros do meu pai cosidas e recosidas e tão duras dos remendos.
Sim, era doença.
Mas por causa disso, a minha avó usava todos, todinhos, os farrapos que sobravam das roupas que fazia, das roupas velhas, para fazer mantas (que há pouco tempo descobri que se chamavam quilts). As minhas conversas de almofada antigamente não eram com a almofada e sim com os padrões dos quilts que ela cosia. E contra a vontade do meu avô, cada uma das noras, filhas e netas tem um traje completo de lavradeira do minho, the works: a saia bordada, a camisa, o corpete, o avental, os socos (que já há muito deixaram de me servir), o lenço de lavradeira e o lenço dos namorados.
Leio regularmente o que postas e para além da admiração por todas as coisas bonitas que crias e de que te lembras, sorrio ao imaginar a A. e a E. aconchegadas nessas obras de arte que tantas memórias me trazem."
postado como comment aqui

1 comentário:

cursed eyes disse...

a sério?
não fazia ideia

oh. quilts são tão boa ideia