27.8.09

12/50


comprei-o no museu nacional da islândia. depois da lição de história, sentia-me realmente curiosa para ver um pouco mais da cultura islandesa. halldoór laxness é um autor da terra, tendo já vencido o prémio nobel da literatura.

este livro é esquisito. não pela forma como se escreve mas porque os islandeses são esqusitos, são bichos do mato e são poesia.

conta-nos a história de um homem muito pobre, muito meticuloso e cuidado de após ouvir a verdade da boca de um mormon, decide deixar a família rumo ao utah para experimentar esta verdade, este zion.

é bom de ler, mas os islandeses, irra.

25.8.09

caminho de santiago

e assim que descobri que podia, mandei uma mensagem a dizer "vê se arranjas umas botas".
tinha pensado - aliás, listado - fazer o caminho francês de santiago. tenho a mania de diminuir algumas coisas. o caminho português não é nada de diminuir, se bem que apenas fizemos uma pequena parte, desde ponte de lima até santiago de compostela, foram 150km distribuídos por 7 dias bem passados.

o primeiro dia foi de ponte de lima até rubiães (19km). foi o mais difícil, nada que já não nos tivessem avisado. a serra da labruja tem secções em que se faz escalada e não subidas! mas serviu para esticar bem os músculos.

depois deste primeiro dia, em que começámos a ver quais seriam os nossos companheiros de viagem, seguimos para tui, numa empreitada de 24 km. as paisagens eram bonitas, bem minhotas, bem verdes e frescas.

cedo aprendemos que para o nosso bem devíamos madrugar e assim foi, acordávamos sempre pelas 4, 5horas da manhã.

rio minho, visto da ponte internacional que liga valença a tui
olé
vista do albergue de tui. lamentavelmente ou não (ou sim!) ficava mesmo no centro, e - agradeço o meu sono pesado - por isso muita gente não dormiu graças aos bottellons dos miúdos, eh eh.
por isso acordaram-me ainda mais cedo do que pensava para a etapa mais longa: tui-redondela, de 31 km. nada de muito puxado, mas desgastante, uma vez que é o troço mais feio, que passa por um polígono industrial interminável, fedorento e, enfim. foi uma grande felicidade quando chegámos!
e como é claro, passámos as tardes nas cañas, com pontuais momentos de planeamento.

aqui partíamos de redondela para pontevedra, em 18 km (um tirinho, como dizia o outro)



pontevedra - briallos, 19km





briallos - padrón, 24 km. foi o que melhor se fez. em neblina, com boa companhia, boa passada.



padrón!
e depois, aquela que penso ter sido a mais difícil, por causa dos dias anteriores, por causa da brevidade do objectivo. padrón-santiago tinha 24 km de distância. mas neste dia umas dores de joelho, de ancas e não sei que mais apareceram. com elas apareceu a chuva. e finalmente, perdemo-nos pela primeira vez, o que deve ter acrescentado mais uns 3 ou 4 km ao percurso inicial. chegámos cansados, mas a sensação de ver a catedral bem ao longe dá uma força tal que até se corre!
aqui estámos nós, ismael, joana e luís, acabadinhos de chegar, num enquadramento terrível mas engraçado

e aqui, já limpinhos e descansados, nas cañas.


nas cañas.
et voilá!

na verdade, não sei bem em que se pensa no caminho. pensa-se quanto falta, inventam-se histórias, conhecem-se pessoas. conhecemos imensas personagens, que até registámos numa lista. é bonita a cumplicidade que se vive entre os peregrinos, nos albergues e pelas ruas quando nos encontramos.

ainda nas esplanadas de santiago
já falávamos no próximo. o inglês? o do norte? o francês?
a ver. haja tempo.

santulhão

um pouco como todo o verão recente, fui inesperadamente parar a santulhão, em trás-os-montes. graças a um convite da lili que ia dar uma oficina de danças tradicionais no ix festival de música tradicional celta de santulhão, lá fui.

ainda antes da oficina, depois de um almoço bem familiar, demos um pulo a bragança, e sem dar por ela, passámos mesmo ao lado do museu ibérico da máscara e do traje. ora essa, entrámos e vimos uma impensável riqueza de trajes que se utilizam em festividades de inverno, carnaval, natal e afins. lamento as fotografias envidraçadas (fotos da lili, aliás), mas o museu merece uma visita. é pequenino mas bem rico e bem documentado. dá para maravilhar com a originalidade do povo, o aproveitamente lindíssimo de recursos da terra.


depois regressámos de novo a santulhão, e com uma oficina recheada de gentes, caótica e divertida, lá fomos para um jantar com a famelga que nos adoptou. depois...ouvíamos já os gaiteiros na rua, os pauliteiros já quentes...não dá mais, saímos logo!

e mal saímos já demos por nós em cima de um belo burro mirandês (o meu tropeçava muito e o dela tinha medo das sombras) e tínhamos mesmo à nossa frente os pauliteiros de malhadas a fazer as maiores brutalidades com os palos.



a noite...meu deus, a noite é assim...assim que vêem gente nova, começam a meter conversa, a pagar bebidas, a oferecer senhas...a queimada, as sandes de porco, a fogueira, o bailarico onde TODOS entram.
nem tenho palavras, foi o melhor festival em que já estive, o mais caloroso, aquele genuíno e sem grandes presunções. é quase um festival de família, numa freguesia com grande orgulho e grande sentido de comunidade. quero voltar.
deitamo-nos a amanhecer e só nos deixaram sair depois de uma grande sandes de porco assado no espeto comida no seio de uma família que não conhecíamos...

cada vez mais gosto de trás os montes. costuma-se dizer que se é de alguma terra "do coração". pois eu gostava de ser transmontana de coração.

9.8.09

da islândia - resquícios

com a actividade finalizada, restavam-nos mais uns dias antes de sairmos. aqui está a zona de acampamento, já vazia.os cavalos, companhia frequente
o musgo tão fofo e espesso



e aqui as fotos da nossa última caminhada

a caminho de regresso a reykjavik, onde provamos baleia, e nos vingámos de duas semanas de sandes de pepino, hamburgueres e gelados de frango!


já não sei como descrever a minha ida a um país que sempre quis visitar. apesar de intensa e diversificada, soube-me a pouco. só por saber o muito mais que ela tem para oferecer. adoro a ideia de um sol permanente. adoro o valor que dão ao ambiente e à vida ao ar livre. não adoro os pepinos que são omnipresentes.

estava em permanente admiração e só quero voltar.
não irei esquecer nunca
a minha ultima viagem
que fiz a ouvir golbbledidook em repeat
e a olhar pela janela
ali resumi tudo, e saí a rir

da islândia - althingi

demais, não é? era a olhar para este lago que nos deitámos nas noites seguintes.


e aqui eram imensas as actividades que podíamos fazer. acrescentei mais um país à minha lista de "a ser visitados", eslovénia. tanto pelas pessoas como pelo o que aprendi no carnival day.


e, claro, também levámos do que é nosso para lá, e aquecemos as hostes com bailarico português e pataniscas!aqui no atelier de criatividade
e aqui na cerimónia de encerramento do roverway 09.

a aventura foi inesquecível e arrebatadora, porque a fizemos ao lado destes nossos novos amigos, que queremos rever e que irmos encontrar de novo, com certeza.

da islândia - thingvellir

o que queríamos mesmo chegou dois dias depois. aqui já nos habituáramos ao sol permanente e já tomávamos o bom tempo como garantidos. com os novos companheiros, fomos para o noss destino dos próximos quatro dias: o parque nacional de thingvellir, a cerca de uma hora de distância de reykjavik, de autocarro.

o primeiro dia foi ocupado com passeios pela zona. "althingi, o primeiro parlamento do mundo" entre aspas minhas, porque ainda me falta ver como é isso possível. e com a constante admiração com a paisagem. ainda agora, no fim de tudo, elejo esta zona como o meu local preferido. acampamos ao pé de um lago, acampamos num paraíso de tranquilidade, a ver uma paisagem tumultuosa mas silenciosa à volta.

o bom que deve ser criança neste verão interminável. não te dás conta que a brincadeira deve estar para acabar porque já começa a escurecer. não escurece, e tu dás por ti a observar crianças a brincar à beira do lago às dez horas da noite, enquanto os pais pescam.


e pesca-se muito!
esta menina ia perguntar à mãe como se diziam palavras em inglês para vir falar connosco. apercebi-me que nunca conseguirei tirar fotografias como as que mais gosto. porque as que mais gosto são tiradas a norte. têm uma palidez e uma frieza. que só o conteúdo faz esquecer.


divertimo-nos. este pontão era o meu lugar preferido. quero voltar, mas quero mesmo, voltar àquele pontão.
o mapa do parque nacional.


o cabo coração que o o. encontrou, e onde fez questão de dormir a sesta.


e nos dias seguintes começaram as novas experiências. pela primeira vez fiz caving. é uma ginástica física e mental que me entusiasmou muito. como passar o corpo através destes buracos tão pequenos? os canais de lava são escuros, têm pingos endurecidos nas paredes e temos de andar de joelhos e raspar as costas e o rabo nessas paredes. é novo, gostei muito.
no dia seguinte fizemos algum serviço ao parque, abrimos e limpámos trilhos. mas a verdadeira jornada vinha no dia a seguir: tínhamos de subir o vulcão sjkalabreidur, com 1060 metros de altitude. foi o melhor substituto encontrado para o hekla, que iria ser a nossa primeira opção, se não tivesse entrado em actividade recentemente. azar ou não, acordámos para o dia mais frio de todos, com ventos demasiado fortes a causar tempestades de areia...o autocarro deixou-nos a 400m, faltava-nos subir o resto.
o cenário era de um verdadeiro deserto, inóspito e seco.

aqui vemos a cratera do vulcão, já lá em cima, coberta de neve, num cenário oposto ao que vimos inicialmente! o esforço não foi nada de extraordinário, mas não é todos os dias que se sobe um vulcão...daí os nacionalismos bacocos que se seguem!


a equipa na NEVE!
e a poeira que nos aguardava de novo lá em baixo. chegámos ao campo sujos, com a pele estalada e queimada, mas incrédulos com mais um dia de cenários lindos.
infelizmente, acabava-se esta parte da actividade, e fomos para o acampamento geral, talmbém ao pé de um lago, no centro escutista de ulfljótsvatn.