31.5.07

propósitos disfarçados

Fui à biblioteca para poder trabalhar sem me distrair.

Na verdade, verdadinha, queria muito ir trocar os livros que andava a ler (engonhar) e trocar por outros.
Porque tenho imenso tempo para ler romances, está claro.

Fiquei com o do Sepúlveda, e trouxe este, curiosidade espicaçada numa destas tardes chuvosas que ficam.

27.5.07

reading

Vou-me deitar na cama, na minha posição viciosa favorita, até adormecer com a luz acesa, e acordar com as marcas das páginas na cara.

yikes!

Ao ver a página das 40h non-stop em Serralves, comecei a perceber que ia precisar de um multiplicador de tempo (sim, tirei a ideia do Harry Potter) para ir a tudo o que gostava de ver, cheirar, sentir, ouvir e por aí fora.
Cheguei à conclusão que é melhor ir vendo, porque planear implica fazer horários, conjugar programações e para isso já chega as semanas em que andamos.
Ainda assim, não podemos perder isto, que até podia ser para compensar a frustração do concurso de fotografia em Braga, mas a gente já sabe que se ia meter nessa de qualquer das formas. Isto, isto, e o workshop de clown era tão bom para eu fazer asneiras.
A inevitável festa no Prado, os teatros e a música (para a qual eu nem me atrevo a meter links porque não conheço quase nada, mas as descrições atraiem-me quase todas).

Ai ai
vai ser bom, vai
estava-se mesmo a precisar

22.5.07

fantastic expectations, amazing revelations


olha o que acontece quando o teu ensaiador é fotografo de um jornal que publica digitalmente as fotos

FEAR!

17.5.07

raios

que não desgrudo
O_o

clássico

depois de tanto tempo
querer fumar um cigarro
ter tabaco de enrolar

e não ter mortalhas

I

Acendeu um cigarro e ficou à espera.
Com a noite, vinha o silêncio, uma tela branca onde podia pintar a cor que quisesse, a melodia que bem entendesse, o mais leve sussurro de matéria. Podia mesmo ouvir o seu corpo a funcionar, desde o bombear ensurdecedor até aos pêlos dos braços, levantados harmoniosamente numa ode ao arrepio.
Desde que se lembrava que tinha rituais estranhos, nesse silêncio.
Descia os degraus das escadas, medindo o peso, deslizar e o toc-toc dos seus passos na madeira. Acendia uma vela, que a luz da lâmpada de baixo consumo era de um estardalhaço que só podia pertencer ao ruído insuportável do dia, da luz do sol. Sem vela, não havia poesia, sem poesia, não havia vida.
Sentava-se no piano e martelava nas teclas, horas a fio, até que os pulsos pesassem, as costas curvassem perante tamanho desgaste. Ensaiava a o poesia daquele momento, persistindo em compassos e frases, ininterruptamente, até que não desviasse as notas, até que não precisasse mais de as procurar na pauta, nem no teclado, por já conhecer tão bem as suas posições. Na pauta, no teclado, na memória, na alma.
Aí, os pulsos deixavam de pesar, os músculos tesos do tronco estendiam-se e a melodia caía no seu lugar, montada passo a passo, interpretada passo a passo. Fluía.
No preciso momento em que a música fluía, no limiar da imperfeição, só um bocado mais além, levantava-se e ia-se embora.
A pauta ali ficava, esquecida, durante anos.

13.5.07

iron-y : o dente de ferro

acabei de enviar um e-mail
e só agora é que reparei na ironia da minha assinatura, tendo em conta o dia de hoje

"sooner or later you'll bare your teeth,
sooner or later you'll bury your teeth"

e saber que os ia perdendo hoje
não fosse eu portentora de uma verdadeira dentuça

12.5.07

a propóstito de quilts

aqui aqui e em muitos outros lados

"Soube o que era um quilt antes de saber o que significava a palavra quilt. O meu avô aproveitava tudo e mais alguma coisa, da minha (não muito longínqua) infância lembro caixas, caixotes e caixinhas de tampas de detergentes, botões velhos, embalagens de tudo e mais alguma coisa que não se podiam deitar fora, porque tinham que se aproveitar. De ir buscar fruta podre ao mercado, de não acender a luz da casa de banho. De não cumprimentar os netos com um beijo porque era a melhor forma de transmitir micróbios e depois tinha que se gastar dinheiro em medicamentos. Ainda hoje encontro meias dos Ecuteiros do meu pai cosidas e recosidas e tão duras dos remendos.
Sim, era doença.
Mas por causa disso, a minha avó usava todos, todinhos, os farrapos que sobravam das roupas que fazia, das roupas velhas, para fazer mantas (que há pouco tempo descobri que se chamavam quilts). As minhas conversas de almofada antigamente não eram com a almofada e sim com os padrões dos quilts que ela cosia. E contra a vontade do meu avô, cada uma das noras, filhas e netas tem um traje completo de lavradeira do minho, the works: a saia bordada, a camisa, o corpete, o avental, os socos (que já há muito deixaram de me servir), o lenço de lavradeira e o lenço dos namorados.
Leio regularmente o que postas e para além da admiração por todas as coisas bonitas que crias e de que te lembras, sorrio ao imaginar a A. e a E. aconchegadas nessas obras de arte que tantas memórias me trazem."
postado como comment aqui

7.5.07

carambas (ou a crise das fotos para o GIM-Hum)

Para conseguir isto:

foi preciso isto

(e uma irmã e uma tia muito persistentes)

6.5.07

há muito tempo que não tenho tempo, nunca o tive tão pouco e nunca fiz tanto dele
apesar de já desanimada e cansada, dá-me gozo ver o que já fiz, estive a tarde inteira a fazer tabelinhas bonitas para me facilitar o spss que vou adiando

decidi nunca deixar de fazer nada por estar cansada
desdobro-me, atraso-me, mas se quero mesmo, faço.

nestas duas últimas noites deitei-me às 8h00 e às 6h30. Acordei às 12h e às 10.30h, respectivamente. Toquei no timbalão com muita vontade, dei caminhadas muito longas que me souberam bem. Vi coisas tristes e ouvi outras que não sei o que pensar.

ainda não consigo ser, não dá, não dá, não sei que raio fazer para encontrar o meu espaço
ontem fui tratada como um animal de feirinha por ser a pessoa mais esquisita que o p. conhecia. não gostei...não sou
uhm
ó. há coisas que me deixam um bocado triste e de mãos atadas.

não queria que amanhã fosse segunda.

o luís fez anos na...no dia 2. nesse dia, há um ano atrás, tive uma das noites mais bonitas da vida, mesmo daquelas em que está tudo alinhado e ninguém fala e é tudo...gracioso. decidimos ir ao mirador de s. nicolas, eu a rita e a joana. a subir o albaycin o luís telefonou-me e falámos até chegar lá acima. já aí, sentamo-nos e olhamos o alhambra, caladas. depois começa a trovejar e ninguém diz nada. trovões majestosos por cima daquela cidade e nós ali, parecia que quase ao mesmo nível. e chuvisca. e claro, dos hippies não nos livrávamos e um velho toca a guitarra e outro um djambé e começam a dançar...fogo...as festas de comemoração dos solstícios devem ser assim. foi tão lindo.

que merda de cidade, esta.