27.8.08

11 - Read ten classic books (1/10)

as vinhas da ira - john steinbeck - 1939
li-o ao longo do mês de agosto. tenho uma certa tendência a escolher livros errados para leitura de verão. calhei de ler "se isto é um homem" de primo levi durante as férias de verão, antes de entrar para a universidade. curiosamente, fui estabelecendo paralelismos entre os dois livros à medida que o lia. e se tivesse lido outros livros sobre a miséria, mais ligações conceberia.
é uma leitura esplêndida, cansativa no início mas a partir de certa altura nos deixa constantemente com o coração nas mãos. isto de ler clássicos é outra história. é um bom remédio para retomar o hábito da leitura, que andava parado por medo a pesos na consciencia. mas já não está.

adiante.

as vinhas da ira foi escrito durante a grande depressão nos eua. relata a história de uma família que vivia do que cultivava nas suas terras, os joads, do estado de oklahoma. alterações na indústria da agricultura começavam a revelar ao monstro do Banco que a cultura da autosuficiência não era lucrativa, pelo que estes embarcaram numa estratégia de expulsão das pessoas das suas próprias casas [um tractor não se cansa, um tractor faz o trabalho de dezenas de homens]. uns papeis amarelos foram circulando por milhares de famílias, dizendo que na california os pomares eram fartos e trabalho não faltava. esses papeis pediam oitocentos trabalhadores. mas foram milhares as famílias que os leram, milhares as famílias expulsas da sua própria casa, milhares as que rumaram à california com o destino encoberto, com comida para a viagem, com alguns dólares no bolso.

pelo caminho as famílias desfazem-se, morrem, fogem. as crianças morrem de fome, os velhos de doença, os pais enlouquecem de ouvir os filhos a pedir comida e não ter que dar. os oakies, como eram tratados pelos californianos, são uma ameaça, são milhares, a querer trabalhar por seja lá o que for. são discriminados por cheirarem mal, por viverem em acampamento imundos, por se sujeitarem a trabalhos, por roubarem pão.

os homens de negócio nunca estiveram tão felizes, podendo pagar tão pouco e nunca faltando mão-de-obra. 2,5 cents por caixas de pêssego nem dá para comer, mas há quem se sujeite a tal, e ainda por menos!

o tal paralelismo com se isto é um homem:

- o homem, em condições miseráveis, é todo ele igual, seja bom, seja digno. se tem fome, rouba. se precisa de dinheiro, faz com que os outros ganhem menos para ele receber algum. o que importa é lutar, é sobreviver, é manter alguma coisa viva.

- a bondade das pessoas, em situações difíceis, excede-se e é linda. de igual para igual, em condições difíceis, mas humanas, a bondade torna tudo mais suportável.

- as mães são as rainhas das famílias. como diz a cati, as mães devem tirar um curso secreto quando estão grávidas. porque sabem sempre o que fazer, o que dizer, quando fazer e quando dizer. são um antro de força, de lógica, de amor.

1 comentário:

Anónimo disse...

têm dias...