os nossos companheiros e organizadores do passeio faziam parte de um grupo de aventura, e tinham restringido as inscrições a caminheiros frequentes. eu disse que era caminheira, só não disse de que tipo.

subimos até aos moinhos, onde vimos as primeiras panorâmicas sobre a costa sul da ilha, a das praias.
depois subimos pela encosta de uma pedreira e começámos a escalar o monte que une os sopés do pico do castelo e do pico facho. é aqui que eu começo a duvidar se serei capaz de chegar até domingo com este ritmo. e a sentir-me um bocadinho culpada por ter contado uma mentirinha branca...

e continuámos a subir em direcção ao pico do castelo, cuja encosta é permanentemente atacada por ventos fortes. vejam só como as árvores estão inclinadas!
mais uma panorâmica sobre o lado oeste da ilha. pode-se ver a pista do aeroporto, que atravessa a ilha quase de um lado a outro!
e o lado este, onde se pode ver a encosta que tínhamos acabado de subir (seguimos sempre pelo alto da formação rochosa).
lá no alto, ainda ganhámos mais um compincha. que tinha a particularidade de ter acabado de correr a meia maratona. caminhada como esta era brincadeirinha, e eu sempre com os bofes de fora. especialmente nas subidas. e por isso é que tiveram pena de mim e me emprestaram uns bastões. sem eles, não sei o que teria sido de mim.

para chegar ao topo, tivemos que largar as mochilas e escalar mais uma formação rochosa. as minhas botas estavam escorregadias e eu já estava bem borradinha. fiquei muito quietinha lá no alto, mas só dava vontade disso. de ficar quieta e calada a absorver o ar e a paisagem da ilha, aos nossos pés. normalmente, o porto santo é seco e árido, mas no fim do inverno todas as encostas cobrem-se de vegetação verdejante. quem lá passa para o veraneio, não imagina que a ilha é assim. depois de darmos umas trincas numa sandes, seguimos para o próximo pico. pico da gandaia, segundo percebi.
(é preciso dizer que tenho parentesco com a tolinha da foto?)
e depois, ó lá descemos a encosta do pico da gandaia até ao nível do mar. não me chame eu joui se não passei a descida a tagarelar para compensar a minha mudez nas subidas. escusado será dizer que quando disseram que a última etapa do dia era subir o pico branco pela formação rochosa e pernoitar lá em cima, pouco mais falei. nem fotos há. foi seguramente das coisas mais difíceis que subi/escalei, tão íngreme que um desiquilíbrio seria fatal, tão difícil que se não fosse o anoitecer, teria ficado paralisada a meio da encosta.
- falta muito? já estamos a meio, não?
- hmmm. 30%, quando muito!
- SÓ PODES ESTAR A BRINCAR!
mas no dia a seguir, pude ficar incrédula e contente quando vi o que tínhamos subido na noite anterior (a etapa final era aquela encosta rochosa que vai do centro e desce até ao canto inferior direito da foto).

de manhã, subimos ao ponto mais alto do pico branco, para espreitar a paisagem, que era de cortar a respiração.
e voltámos a descer tudo aquilo que tínhamos subido, mas por um trilho. em direcção a oeste, pela costa norte da ilha.
o objectivo do dia era contornar a costa norte, em direcção ao extremo oeste, e voltar pela praia (costa sul) até ao barco, que nos esperava na ponta leste. ou seja, contornar a ilha quase na totalidade. de repente, a paisagem mudou drasticamente.
e pudemos ver a encosta onde está assente o pico da gandaia na sua totalidade. na sua grandiosidade. e eu estive lá em cima!! (e o pico do facho lá no fundo)
e lá fomos, certinhos, certinhos, inspirar, passo, expirar, passo, que a respiração é meio caminho andado para conseguir. e no topo, fomos mais uma vez recompensados.

para trás, ficou um fim de semana cheio de obstáculos ultrapassados, cheio de provações. se no sábado achava que não ia aguentar, no domingo apercebi-me de que era capaz de muito mais do que pensava e que só saindo da zona de comodismo e puxando até ao limite é que conseguimos perceber que aquele esticãozinho extra não é tão difícil assim.
mas foi difícil, isso foi. e para a contabilidade final, 27 000 passos no sábado, e 33 000 no domingo.
e não me venham com tretas, que eu agora trato o porto santo por tu.
[sim, eu sei que me alonguei, mas também serve para eu me ir relembrando, refrescando. isto é algo que eu nunca mais quero esquecer]
3 comentários:
bem, uma pessoa chega ao fim do post a abafar, por isso acho que transmitiste bem a mensagem!
que bom, grande motivo de orgulho :D
até me deixaste sem fôlego!
foi duro, mas também chegavas ao fim se fosses. provavelmente melhor que eu!
Enviar um comentário